O corpo em escrita: quando o mundo toca a pele
- Beatriz Cristina

- 5 de nov.
- 2 min de leitura
Respira...
Antes de qualquer palavra... há o ar
Ele entra...
sem pedir licença.
Toca as paredes do seu peito...
e se mistura com tudo o que você é... agora.
O corpo sabe.
Mesmo quando a mente se cala... ele fala.
Em pulsares, arrepios, pequenas ondas de calor...
Você chama de sintoma.
Ele chama de presença.
Há um peso leve nas costas...
uma maré que sobe devagar no estômago...
um nó discreto... feito de coisas não-ditas.
E mesmo quando você muda de assunto,
o corpo... não muda de página.
Toca a sua pele.
Sente o mapa invisível que ela desenha
a temperatura, o relevo, a textura.
O corpo é casa e caminho.
É paisagem que você habita...
e quase nunca visita.
Há cheiros que contam histórias:
o perfume de alguém,
o pó da tarde caindo no chão,
o café que ainda fumaça na mesa.
Há doçura em estar aqui...
mesmo quando dói.
O mundo toca você o tempo todo:
em cheiros,
em cores,
em presenças.
E o modo como você responde a esse toque...
é onde mora a sua história.
Às vezes o contato se interrompe.
Você endurece.
Respira curto.
A vida passa...
como vento por uma janela fechada.
Mas basta um olhar que demora...
um toque que fica...
um silêncio que não tenta explicar...
E algo... dentro... se move.
É o corpo voltando a sentir o campo.
O corpo não quer soluções.
Quer escuta.
Quer companhia.
Quer alguém disposto a estar junto,
no ponto exato onde o nó começa...
a se desfazer.
O corpo nunca esteve contra você.
Ele é o território onde o mundo acontece.
Cada sensação é linguagem.
Cada desconforto...
um pedido de forma.
Quando você escuta o corpo,
o mundo muda de textura.
O ar pesa diferente.
As cores respiram.
A dor... encontra forma.
E o campo...
se reorganiza.
A Gestalt chama isso de awareness.
Mas você pode chamar de...
estar vivo.
Talvez esse texto seja só um convite: a ouvir o som que o corpo faz quando o mundo silencia.
O corpo fala: às vezes em silêncio, às vezes em forma de cansaço.
Se algo nesse texto tocou um pedaço seu, talvez seja o corpo pedindo escuta.
🌿 Há espaço para isso aqui.
Beatriz Cristina de Miranda Barbosa I CRP: 06/182287
Comentários