O silêncio e o sintoma como pedidos de presença: o que nasce no encontro terapêutico
- Beatriz Cristina

- 8 de out.
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de nov.

Quando algo em nós começa a pedir palavra
Há momentos em que algo dentro da gente começa a se mover sutil, como um sopro que insiste. Não é ainda um pensamento claro, tampouco uma decisão. É um incômodo leve, um desconforto sem nome, uma vontade de dizer que ainda não sabe o quê.
Esse é, muitas vezes, o início de um processo terapêutico. Não quando decidimos “fazer terapia”, mas quando algo em nós começa a pedir palavra.
Do silêncio ao encontro: o movimento da figura
Na Gestalt-terapia, chamamos esse instante de emergência da figura, quando uma experiência, antes fundo, ganha forma. De repente, aquilo que estava disperso no corpo se condensa: o peso nas costas, o nó na garganta, o silêncio que ocupa demais o quarto. Algo pede reconhecimento, pede encontro.
E nesse pedido silencioso, surge também o medo.Medo de ser visto, de ser escutado, de não saber o que faz querer existir, e encontramos alguém que possa testemunhar.
O começo invisível do encontro
A terapia não começa na primeira sessão. Começa antes, no momento em que a pessoa reconhece um chamado interno.Começa quando o corpo se cansa de sustentar o que já não cabe,quando o silêncio começa a fazer barulho,ou quando o olhar busca, pela primeira vez, um outro olhar que não o julgue.
O espaço onde o sentir pode respirar com calma e ser
acolhido
No consultório, esse movimento ganha presença. O terapeuta não oferece respostas, oferece espaço. Um espaço de contato, onde o que é confuso pode ser olhado sem pressa, sem precisar se explicar.
Aos poucos, as palavras chegam. Às vezes tortas, às vezes tímidas. Mas sempre verdadeiras, porque nascem do corpo e da experiência, não de ideias sobre como “deveríamos” ser.
Falar é também um gesto do corpo. É permitir que o dentro se torne forma no mundo. E é nesse gesto que algo começa a se transformar: não porque o problema se resolve,mas porque passamos a estar presentes no que nos acontece.
Talvez seja disso que a terapia trate: de criar um lugar onde o não dito possa ganhar voz,onde o sentir encontre escuta, e onde o humano - tão imperfeito e vivo - possa simplesmente existir, à beira do contato.
Quer conversar sobre o que está se movendo em você?
Beatriz Cristina de Miranda Barbosa I CRP: 06/182287

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